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A Saga – Por Abílio Wolney Aires Neto

Em crista altíssima, levanta a Serra Geral

Cortina de muralha s’erguendo monumental

Tumultuam-se morros em píncaros centralizados

Altiplana a cordilheira, em muros desmantelados

 

Coliseus em ruínas avultam em planalto

Abrindo em cavernas, precipitam do alto

Aprumam-se vértices em formosos albardões

Em passagem expandida aos ondulantes chapadões

 

Muralhas outras em blocos de granito

Aformoseiam o cenário ao contrate do infinito

Lembram ruínas íncas, que se alteiam dominando

Mina o brejo na fonte como se fosse chorando

 

No tablado dos gerais, o contraste belíssimo

Belos píncaros se assentam em tronos de granito

Arremete o cerrado no fatísgio das montanhas

Medra o pasto viçoso na campina das savanas

 

Ao crepúsculo cai o sol, no penhasco rochoso

Incendeia no horizonte – espetáculo formoso!

Por ali, a lua beija a beleza da amplidão

Em balizas fincadas nos pródromos da criação

 

Na fímbria dos pendores, com sonhos e lealdade

Viaja o Coronel, no galope da imortalidade

Adiante o areal se projeta do alcantil

Do outro lado é o mundo, a hipótese, o ceitil

 

Severo e majestoso, abre-se o extenso vale

Tendo por pajem esculturas altaneiras, severas, espetaculares

A pique, o anfiteatro em ravinas e muralhas

Palco em preparo de espantosas batalhas

 

O revés é o contraste…

Movimentos marciais, o rufar de tambores

A rataplã das tropas, o terraço dos horores

O areal da estrada branqueia a resvalar

O buritizal em coleio leva o regato ao mar

 

Em um prado sinuoso silvou o estampido

Empaca o burro do velhote, foi ferido, exaurido

Mais tiros estalam ao prenúncio do arrebol

A tropa avança pelos lados do paiol

 

Miragem surda em solidão madrugadeira

Ao coice darmas vão levando a bandalheira

Porradas, coronhas, singultos, aflição

Expira o velho chefe sangrando ao rés do chão

 

Magotes chafurdam ao sereno no canavial

Desfraldam os pendões ao vento matinal

A paisagem da noite, silente, amortalhada

Vai aos poucos cedendo – pela manhã devorada

 

A bruma da alvorada vem ao cerco sitiado

Na tulha Ele é salvo por um próprio soldado

O sudário da morte cobre os rostos do tronco

O velário na campa, candelabro e espanto

 

Bordou-se uma mesa de viúvas sem consortes

Orquídeas negras, crianças, os botões da mesma sorte

 

Vai sonhador…

Fita o céu e a serra, alcantilada e selvagem

Rochedos fulvos em socalcos na vindita da viagem

Ausculta o passado na tela da memória

Bate em retirada, almeja uma vitória!

Sobre Abílio Wolney Aires Neto